Eu caminho para a banheira, encho ela de água e meu óleo essencial preferido e mergulho na água quente me deliciando.
Amanhã tenho que descobrir tudo sobre ele. Tenho que saber mais do que já descobri. Não temos uma história de amor. Mas se ele vai ser um amante fixo, melhor descobrir mais.
Pego meu celular assim que vibra. Esperando uma resposta dele, encontro mensagens da Lais.
_ Amiga, este seu lance com o Lucca está ficando realmente muito sério. Vocês pareciam que iam devorar um ao outro, que transariam ali mesmo sem o menor pudor.
Assustada eu escrevo perguntando:
_ Você viu quando nos encontramos na boate?
Ela manda um áudio:
_Sim nós vimos. E vocês dois dançando transmitem tesão para qualquer um. Eu preciso te ligar…
Atender uma chamada dela a esta hora, é assinar minha sentença de insônia e amanhã tenho compromissos. Então decido enviar um áudio, mas ela me liga. Vencida, eu respondo:
_ Amiga, eu preciso dormir. Não posso ficar de conversa agora. Mas prometo que amanhã à noite, podemos conversar o quanto você quiser. Preciso mesmo que você me ajude a descobrir algumas coisas…
Ela me interrompe:
_ Sobre o Lucca! Já estou me informando com o Paolo. Ele está tentando ser reservado, mas eu o conheço bem, então eu…
Percebendo que ela está assumindo em voz alta que ela e Paolo são um casal sintonizados e fofos, ela para. E fica em silêncio por alguns segundos. Vendo seu desespero eu tento intervir.
_ Amiga, tudo bem, não precisa se fazer de durona. Você adora o Paolo e ele adora você. Deixa rolar…
Agora ela me interrompe:
_ Leona, eu realmente vou deixar você dormir. Se é que você está sozinha…. mas tem algo estranho em você.
Ignoro seu palpite e me despeço dela.
_ Me liga amanhã depois das dezoito e nos encontraremos para conversarmos. Te amo, beijos.
Ela ri e responde:
_ Boa noite amiga. Também te amo. Se não estiver nos braços do seu Deus grego, sonhe com ele. _ Diz de maneira divertida
Mesmo sendo tarde, envio uma mensagem para o meu pai. Ele deve estar estudando algum processo se estiver com o celular ligado e se não estiver ocupado, está no silencioso, então não incomodarei.
Seleciono o seu número e escrevo:
_ Como está papai? Estou te escrevendo para te pedir mais uma vez que não mande seus seguranças me seguirem. Sei que fica preocupado, mas eu estou bem. E o pessoal do Russo nunca mais me procurou.
Alguns minutos depois a resposta dele me coloca ainda mais medo do que eu senti a algumas horas atrás.
_ Olá, minha querida filha. Eu não sei do que você está falando. Eu não esconderia nada de você. Não mandei ninguém te seguir. Mas se você está sendo seguida, tem que me dizer para que providências sejam tomadas.
Eu fico enjoada. Minha cabeça gira. Seria alguém da máfia Russa? Seriam seguranças do Lucca? Mas porque ele mandaria me seguir? Mando outra mensagem para papai para tranquilizá-lo e me jogo na cama pensando.
Papai tem bons contatos com a polícia, ele é um grande promotor. Mas não quero envolvê-lo ainda. Depois do que passei com o Russo, me sinto culpada e não quero deixá-lo ainda mais preocupado. Quando ele descobriu o que eu passava no meu casamento ele ficou muito mal e eu temi que ele caísse em uma depressão. Alguns anos antes do meu casamento com Dimitry, mamãe faleceu o levando a ter uma depressão profunda. Ele ficou algum tempo em tratamento para se estabelecer. A história de amor deles era linda. Ele italiano, foi visitar um tio no Brasil, ela nascida na Itália, mas morava no Brasil desde criança, acabou adquirindo nacionalidade brasileira por ter chegado quando ainda era um bebê nos braços de meus avós. O destino uniu meus pais em uma noite de festa da comunidade italiana. Eles se apaixonaram, em poucos meses se casaram e eu nasci. Após meus avós falecerem, um ano depois que nasci, voltamos para a Italia. Papai a amou incondicionalmente até seu último respiro, mas ele ainda carregava a dor de não tê-la por perto. E o que aconteceu comigo o deixou ainda mais sensível. Eu tinha que manter ele longe das minhas desconfianças um pouco.
Tenho que descobrir mais sobre Lucca e tentar entrar em contato com alguém da máfia Russa. Isto me deixava apreensiva, mas eu precisava saber se eu ainda era alguém insignificante para eles. Fui deixada andar, mesmo eles sabendo que a polícia tinha falado comigo no hospital e contei sobre o Russo. Mas como temia por minha vida, não dei detalhes de mais nada. Contei das agressões que eram evidentes e que ele tinha negócios sujos como tráfico de mulheres, drogas, assassinatos. Mas que eu não tinha provas de nada disto e não conhecia seus parceiros no crime. A polícia não acreditou muito, mas me deixou andar, visto que eu não tinha algum envolvimento em toda aquela merda.
Tento dormir, mas sei que esta noite será muito difícil depois de tanta emoção.
A noite foi tortuosa, mal consegui dormir. Meus pensamentos se dividiram entre a preocupação por estar sendo seguida e sobre o poderoso furacão chamado Lucca.
Eu visto uma saia lápis, blusa de seda branca e scarpin. Faço uma maquiagem leve, escovo meus cabelos e desço para a cozinha. Preparo meu café enquanto confiro meus e-mails no tablet.
O alerta do meu telefone me chama atenção. No visor vejo a mensagem de Lucca:
_ Buon giorno principessa. *Bom dia princesa*, sobre sua mensagem de ontem acredite minha querida, sou todas as opções e um pouco mais. Devo dizer que o que você deve temer é o Lobo que está faminto de você. Acordei com uma ereção esplêndida e não tive outra opção, se não a de bater uma punheta embaixo do chuveiro pensando em você. E quando eu voltar, você vai dormir comigo e juro, vou te acordar com minha língua na sua doce buceta. Depois vou entrar em você sem pressa para sair.
Ele é um puto desbocado, convencido, mas que me deixa molhada. Vou ter que trocar minha calcinha antes de ir ao trabalho. E quando eu estiver com ele realmente tenho que dispensar o uso dela. Sorrio e respondo provocando-o:
_ Bom dia LUPO *lobo*. Sinto em te decepcionar, mas eu aceitei nos conhecermos melhor, sairmos, mas não disse que dormirei com você novamente! Quanto à sua ereção, devo dizer que lamento por não ter visto, pois acordei faminta!
Ele demora um pouco para responder. Troco minha lingerie e me sinto tentada a me tocar. Mas eu chegaria atrasada e não posso perder esta venda. Eu desço novamente para a cozinha. Bebo o restante do meu café, pego minhas chaves, minha bolsa e tudo o que preciso e desço para a garagem.
Assim que entro no carro meu telefone vibra, mensagem do Lucca dizendo:
_ Eu já disse piccola mia *minha pequena*, ainda vou fazer você me dizer “sim”. E acredite, não será bom somente para mim. Será maravilhoso para nós dois. E quanto ao resto da sua mensagem, te digo apenas uma coisa, não me provoque! Posso pegar um avião e estar aí o mais rápido do que você pensa. E aí, você vai sair com a bunda ardendo e todo o resto inchado, porque te farei gozar sem piedade alguma. Tenha um bom dia querida, estou entrando em uma reunião importante não poderei responder.
Eu termino de ler a mensagem dele e ainda trêmula e cheia de desejos, coloco a chaves na ignição do carro e parto ao meu destino.
Horas depois…
Meu dia de trabalho foi intenso, não tive muito tempo para pensar nele. Meu telefone vibra na gaveta, olho o relógio na parede antes de responder, 17:45. Lais chamando. Atendo:
_ Olá amiga
_ Olá querida. Como você está?
_ Bem e você Leona?
_ Sim. Vamos nos encontrar?
_ Claro, mas vamos em um lugar tranquilo? Não quero correr risco de encontrarmos Lucca ou Paolo.
A voz de Lais está estranha. Então respondo:
_ O Lucca não está na cidade, viajou a negócios. Você está bem Lais?
_ Sim, quer dizer, te explicarei quando nos encontrarmos, ok?
_ Lais, você não pode me deixar neste nervoso todo. Me fala por telefone. O Paolo te fez algo?
Ela respira fundo e fala:
_ De certa forma ele fez algo sim, mas prefiro te falar pessoalmente. Por favor entenda, não são coisas de se falar por telefone.
Concordo, e combinamos de nos encontrar 18:15 em um pitoresco restaurante na praia do lago.
Estaciono meu carro e sigo para o terraço do bar. Lais já está sentada com um copo de uísque na mão. Isto chama minha atenção, ela não é amante de bebidas fortes. Algo sério está acontecendo.
Me aproximo, nos beijamos eu me sento. O garçom se aproxima e peço um prosecco sem álcool, pois algo me diz que terei que manter o controle.
Lais com olhos lacrimejantes, me diz:
_ Tive uma discussão com Paolo. Algo me diz que ele está me escondendo algo e estou cansada. Ele anda me evitando depois que eu recusei ser sua namorada. Eu entendo, mas ele agora está me ignorando e quando vê que eu estou seguindo sem ele, ele faz cenas de ciúmes. A Ana da contabilidade me disse que viu ele com uma mulher no restaurante perto da Estação Giuseppe, há alguns dias, e que ele parecia bem íntimo dela. Eu não me aguentei. Quando ele foi me encontrar eu despejei tudo nele. Eu fiz algumas perguntas sobre o Lucca antes disto e ele ficou ainda mais nervoso, a única coisa que deixou escapar é que na festa de máscaras da Ilha, o Lucca estava presente o tempo todo e que ele, a partir daquele dia, pediu informações suas para Paolo. Eu tentei tirar algo mais, mas ele foi reticente. E voltou para a cena de ciúme que ele fez aquele dia com o garçom. Foi bom você ter saído com o Lucca, discutimos muito naquele dia, eu não quis te contar.
Eu fico sem entender e ela continua:
_ Eu não quero mais nada com o Paolo! E não quero falar dele. Por isto vamos nos concentrar em você. Você se lembra da festa na ilha? Você bebeu muito mais do que eu na verdade, e eu estava com aquele imbecil do Paolo, então não me lembro de ter sido apresentada ao Lucca naquela ocasião. Isto foi a três anos atrás e sinceramente me lembro pouco. O que me diz?
Eu fico confusa com tanta informação. Quando o garçom chega com minha bebida, peço que me traga Vodca. Eu vou precisar de algo forte para ver se começo a entender o que está acontecendo.
Eu olho para minha amiga chorando, nervosa. Pego suas mãos e falo:
_ Amiga, eu não sabia que vocês estavam nesta situação. Parecia estar tudo bem entre vocês. Aquele dia eu achei que vocês estavam bem. Quando Lucca me arrastou para fora eu só peguei minha bolsa, te joguei um beijo e não vi nada demais. Vocês já estavam abraçados. Se eu soubesse teria ficado. Eu…
Ela me interrompe:
_ Amiga tudo bem. Eu até entendo ele, queria algo sério e eu disse não. Então ele tem direito de seguir. A minha raiva é que o dia da cena de ciúme que ele fez com o garçom, ele já estava de história com esta garota…
_ Lais, ele te afirmou isto? Ele disse mesmo estar com outra?
Ela enxuga as lágrimas no guardanapo e fala:
_ Não! Mas não precisa, visto que ele também não negou. Ficou na defensiva, dizendo que sou insensível para os sentimentos dele. Que eu nunca o levo a sério e que ele está cansado. Conversamos muito. Foi antes de tudo isto que perguntei sobre o Lucca, porque sabia que depois de jogar na cara dele que eu sabia dos almoços dele com a mulher misteriosa, já perderíamos o tom e nada acabaria bem. E não acabou, sai de lá depois de dar um tapa na cara dele. Ele segurou minha mão, mas não disse nada. Eu me levantei e sai, nem voltei para o trabalho.
_ Sinto muito Lais, por que você não me ligou? Eu teria ido até você.
_ Tudo bem. Mas agora podemos falar do Lucca? Ele comentou que te viu na festa?
Respiro fundo, bebo o líquido âmbar na minha frente, recém deixado pelo garçom. E então começo a raciocinar:
_ Lais, na verdade, desde o primeiro dia que o vi, tive a sensação de já o ter visto antes. Mas não me lembro. Ele não comentou nada comigo e isto me chateia visto que se ele pediu informações minhas para o Paolo há três anos, depois daquela festa, quer dizer que ele me viu lá. E na boate, será que o Paolo combinou com ele para nos encontramos? E por que não antes?
Lais com um ar curioso me fala:
_ Aquela primeira noite que vocês saíram, o Paolo me apresentou para ele no Bar. Mas não falaram nada de você na minha frente. Não foi nesta festa de máscara que você transou com um homem sem ao menos tirar a máscara? Seria ele? Você estava tão fora de si assim? Oh céus! Será que ele te drogou? Eu lembro que dormi na sua casa porque você estava bêbada e estranhamente naquele dia, Paolo não insistiu em dormir comigo. Ele tinha falado algo que teria que cuidar do amigo dele. Seria o Lucca??? Mas cuidar do quê??
Meu coração acelera e eu começo a pensar o quanto os flashes daquela noite me acompanharam através do tempo, me fazendo ter orgasmos insanos imaginando aquele homem. O Lucca possui algumas tatuagens, mas aquele estranho não tirou a camisa, aliás não tiramos toda a roupa apenas o suficiente para nossos corpos se satisfazerem de forma animal. Eu não estava drogada, tenho certeza disto, fiz exame no dia seguinte teria acusado algo. E o homem também parecia estar bem bêbado, como eu. Mas a transa foi deliciosa, ele queria falar, mas eu deixei pouca chance para ele. Assim que terminamos ele quis ficar perto de mim e eu escapei dele. Logo fomos embora e eu nunca soube …
Lais me tira dos meus pensamentos:
_ Você por favor poderia pensar em voz alta? Eu preciso de distrações para meus problemas!
Dou um sorriso nervoso e prossigo:
_ Bom, fisicamente o homem da festa se parece muito com ele, eu estava somente bêbada tenho certeza. Só bebi com você, as mesmas coisas e não sai de perto do copo. Além do mais, fiz um exame no dia seguinte pois eu já tinha marcado uma consulta. Então eu não estava drogada, eu estava muito abalada sim, fazia apenas um ano que eu tinha voltado para Itália em definitivo, estava no meio do processo sobre o russo.
Eu ainda estava em choque pela morte dele, medo e alívio. Enfim, naquela noite dancei muito, e um certo momento acabei dançando com este homem, não falamos nada apenas deixamos fluir a música e nossos corpos. Naquela época você sabe que eu estava em um ciclo vicioso de transar apenas por transar, procurando por alívio, por aceitação, para me sentir desejada depois de todos os anos sendo humilhada pelo Russo, você sabe todo o trauma psicológico que ele me causou.
As agressões físicas passavam com o tempo, os roxos da carne desapareciam, as lágrimas secavam, as feridas cicatrizavam, mas o meu psicológico carrega marcas até hoje. Enfim, eu não deixei o homem mal falar, ele me elogiou algumas vezes, não lembro o som da sua voz por causa da música.
Em algum momento eu o puxei para dentro do castelo, e agora você falando, os seguranças nem questionaram que andamos para o lado oposto dos banheiros onde todos tinham acesso. Eu pedi para ele não falar nada, que eu precisava senti-lo. Eu saí abrindo portas até encontrar um escritório e foi ali que fodi com ele.