Punição de Expediente

            Eu ainda estava com a voz dele em minha mente quando desliguei o telefone:

            ―Venha até minha sala agora!

            Eu sabia que estava ferrada. O pior é que eu estava com uma raiva imensa dele, a qual me impossibilitaria de ficar calada diante aos insultos que estavam por vir. Eu havia pedido para ficar uma semana de folga e ele simplesmente negou sem nem ao menos ouvir o motivo pelo qual eu desejava tanto ficar livre. Já devia ter imaginado antes, afinal, ele olhava apenas para o seu próprio umbigo. Arrogante, prepotente e lindo. Sim, a sua beleza era de parar o trânsito.

            Eu já estava acostumada com seus rompantes, pois há quase dois anos que eu era sua secretária. E sinceramente nem eu acreditava que apesar de nossos bate bocas infinitos formávamos um time perfeito. Mas era muito difícil trabalhar com ele. Odiava-o muito e ao mesmo tempo o desejava. Muitas vezes, durante as brigas tive vontade de calar aquela boca com um beijo, sentar-me no seu colo e mostrar algo mais interessante para fazer. (risos)

            Uma mistura de desejo e ódio; por aqueles olhos verdes e àquela barba por fazer. Na verdade, ele era fogo puro, sangue duplamente latino nas veias. Seu pai era da República Dominicana e sua mãe brasileira. E ele, apesar de ter nascido em Santo Domingo, estudou e se formou no Brasil. Às vezes, ele viajava para o seu país de origem e voltava ainda mais gostoso se isto era possível, todo bronzeado e com um ar ainda mais sensual. Eu ficava imaginando-o apenas de sunga de banho em uma linda praia, exibindo todo aquele poder. Afinal, ele sempre escondia o que tinha de melhor embaixo de seus ternos impecáveis.

            Era sempre dominante em suas ações e sei reconhecer um dominador quando vejo um. Ele com certeza amava o sadomasoquismo tanto quanto eu. Por que reconheço um? Porque sou uma Switcher. Isso mesmo. Significa que gosto de estar aos extremos do chicote. Dominar e ser dominada. Sou uma menina bem rebelde que às vezes chuta o mundo, mas no fundo sempre precisa de um “Dom” para aplicar uma disciplina devida para que eu entre nos eixos.

            Nunca tivemos intimidade para tal assunto, afinal vivíamos de pouca cordialidade e ódio infinito. Por conseguinte, depois que deixei a coleira do meu ex-dom resolvi ficar quieta por um tempo. Raramente vou ao um Bar fetichista, com amigos do meio. Mas nunca o encontrei por lá. E nem sei se gostaria disto, afinal ele tinha o dom de me tirar do sério.

            Caminho apressada à sua sala, bato na porta e ele grita lá de dentro:

            ―Está aberta! Entre!

            Entro. Ele está em pé próximo à janela, sem o paletó, apenas com a camisa branca e a gravata desfeita o nó. Sua calça clássica preta mostra suas formas sensuais. Ele está um pouco descabelado e com olhos fumegantes. Quando ele está neste estado a bronca era séria e era neste momento que eu mais sentia tesão nele. Brigávamos e logo que eu chegava em casa, aliviava-me masturbando e pensando nele.

            Fico em pé de frente à sua mesa esperando sua reação. Ele vira, faz um suspiro e começa a falar calmamente:

            ―Eu não acredito que você tenha deletado os últimos arquivos que te passei. Eu disse para imprimir e enviar a cópia para a contabilidade. Agora vamos ter que refazer tudo novamente Karen! Isto significa mocinha, que teremos que ficar aqui até mais tarde.

            Eu penso: “mais tarde ainda”? Já estamos sozinhos no escritório há meia hora, pois ele estava em uma teleconferência e eu não podia deixar o “poderoso chefão” sem a secretária.

            Como sempre respondo prontamente:

            ―Antony, eu apenas segui o que faço sempre. Depois de imprimir os arquivos, salvo on-line e depois apago. Não tenho culpa se a internet hoje está dando problema. E…

            Ele bate a mão na mesa, e encara-me, dizendo:

            ―Agora chega Karen! O Chefe aqui sou eu! Você como minha secretária, deveria sempre me chamar de Senhor. Deveria sempre dizer “sim Senhor”, sem questionamentos. E fazer apenas o que “eu” te ordeno. Em nenhum momento eu pedi-lhe que excluísse os arquivos. Você tem que criar cópias dos mesmos para não termos mais este tipo de problema. Ótimo você ter copias na internet, mas não ajuda se eu estiver fora da cidade, perder o sinal no celular e não puder acessar estes dados. Tenho que tê-los armazenados diretamente no computador. Você é teimosa e estou cansado de seus ataques de rebeldia!

            Eu não aguento aquilo. Ele falar comigo daquela forma, tudo bem é meu chefe, mas ser arrogante foi desnecessário. Eu não aguento de raiva, meu rosto queima.           Olhando para ele respondo:

            ―Quer saber? Vou pra minha sala fazer o que tenho que fazer. Não tenho que ficar te escutando e perdendo tempo, Antony.

            Viro-me e caminho para sair da sala, mas ele me puxa pelo braço, fazendo-me voltar. Deparo-me com seu peito, e seu perfume me invade as narinas. Seu toque quente me faz ter arrepios. Eu fico sem ação por alguns segundos, mas seus olhos buscam os meus; não consigo encará-lo.

            Ele pega meu queixo suavemente, o levanta e eu não resisto. Toco seu braço, mas não com intenção de que me solte, mas que me prenda ainda mais ao seu corpo. Neste momento ele me abraça. Estamos ofegantes, nossos corpos se encontram tão colados que posso sentir o pulsar de seu coração. Estou em uma confusão de sensações, mas antes que eu possa entender o que está acontecendo, ele levanta meu rosto, aproxima-se olhando nos olhos, e me beija.

            Seus lábios estão febris, sua língua está descontrolada e eu me rendo, sentindo-me vulnerável em seus braços. Ele me empurra na mesa derrubando tudo o que está em cima, se posiciona entre minhas pernas e me abraça ainda mais forte. Eu o aperto e na fúria louca de nosso beijo, as roupas começam a ficar apertadas demais.

            Ele tira a gravata, e eu o ajudo com a camisa, enquanto suas mãos puxam minha blusa de dentro da saia. Logo ele desabotoa meu sutiã, meus seios estão petrificados de tanta excitação. Ele abocanha meus mamilos, eu gemo alto. Ele tira o cinto enquanto me olha nos olhos e eu entendo seu olhar. Sei exatamente o que vai acontecer e isto me faz tremer e ficar ainda mais molhada. Ironicamente me lembro da música “Hess Is More – Yes Boss”, na qual eu sempre escutei e me masturbei várias vezes pensando nele.

            Ele me puxa da mesa, faz-me virar de costas, sem dizer uma palavra, abraça-me por trás, puxa meu cabelo, vira meu rosto e sussurra no meu ouvido:

            ―Sabe quantas vezes eu sonhei em fazer isto contigo Karen? Toda sua rebeldia, toda sua afronta, uma fachada para esconder tua essência. Mas sempre vi nos teus olhos a vontade de se submeter a mim. E não negue sei que você é submissa. Sei disto desde a festa de fim de ano no bar Jardim Calabouço no centro da cidade. Eu também frequento ali, é até estranho que nunca nos encontramos. Mas enfim, hoje, ah! Hoje você está em minhas mãos e será minha!

            Ele alisa minha bunda, aperta. E mesmo queimando de tesão eu respondo:

            ―Sim, eu sou praticante. Eu amo o sadomasoquismo, mas errou ao achar que sou submissa, sou Switcher. Cuidado, talvez você quem saia dominado ― Dou uma gargalhada.

            Ele estapeia minha bunda e diz:

            ―Quer pagar para ver?

            Eu respondo provocando:

            ―Podemos jogar, somos dois adultos nada nos impede. Mas não se iluda ao pensar que este jogo me fará ser tua a partir de hoje. Posso até ser por estes momentos carnais que precisamos e além do…

            Antes que eu termine a frase outro tapa sonoro estala em minha bunda. Em um gesto brusco ele arrebenta minha calcinha e enfia dois dedos dentro de mim. Aquele seu ato selvagem me fez gemer e rebolar em suas mãos. Eu estava a alguns meses na abstinência e ficar nas mãos da principal fonte do prazer era enlouquecedor. Ele retira os dedos dentro de mim e toca meus lábios dizendo:

            ―Reconheça teu sabor, seu tesão, sua vontade de pertencer a mim. Você está em chamas, desejo puro queimando dentro de ti. Você merece uma música que tem tudo a ver conosco neste momento.

            Ele vai até o notebook dele e coloca “Sex on Fire – Kings of Leon”.

Volta à sua posição anterior e retoma de onde havia parado, enquanto a música abafa meus gemidos.       Ele se esfrega na minha bunda. Apesar de ainda estar com suas calças eu sinto sua ereção e então ele me diz:

            ―Meu desejo de fazer-lhe “minha” não é de agora. Há química, afinidade entre nós e você sabe disto! Você apenas tentou escapar, se esconder, assuma isto. E agora que tenho você em meus braços, não vou deixar que escape. Então vamos estabelecer algo: vou começar sua disciplina por todas as vezes que esteve em falta comigo. E sua palavra de segurança, sua safeword será ARQUIVO. Já que foi por causa deles que estamos aqui, duvido que irá esquecer o que nos prendeu aqui até mais tarde. Lembre-se: não quero ouvir nada de sua boca além de teus gemidos e do teu choro. Mas não seja tão escandalosa, você sabe que os vizinhos podem nos ouvir. Estamos entendidos? _ ele riu.

            Ele está sendo irônico, já que estamos sozinhos e o escritório de dois andares está posicionado em uma área comercial. Eu fico irritada, revelando nestes momentos, algo que no fundo eu sempre sonhara. Eu sou retirada de meus pensamentos com outro tapa, suas mãos puxam meu cabelo e sua voz quente no meu ouvido:

            ―Responda, minha menina!

            Eu sinto raiva por aquele gesto tão alfa, mas a frase “minha menina” destrói qualquer autodefesa e respondo o que sinto por ele:

            ―Sim, Senhor.

            Ele alisa minha bunda e sorri. Logo agacha-se, beija meu rosto, levanta-se e sinto os primeiros golpes. Contorço-me sobre a mesa, fecho os olhos e sinto cada golpe como uma dança libertadora, como uma luz em um quarto escuro. Estou tremendo e seus golpes são cruéis; seus gemidos sincronizados aos gestos me fazem sentir uma emoção indescritível. Ele coloca o sinto sobre a mesa, beija as marcas do meu bumbum que agora está em chamas.

            Ele me faz girar e me abraça, não sei por quanto tempo ficamos ali abraçados. Nossas respirações se acalmam depois de um tempo nesta posição. Ele enxuga as lágrimas do meu rosto e me beija tirando o ar. Ele belisca meus seios, me empurra para novamente em cima da mesa e me faz abrir as pernas ao máximo. Se posiciona entre minhas coxas.

            Sinto seus beijos em minha virilha, mordiscando devagar. Então, ele se aproxima e me invade com um beijo profundo castigando o meu clitóris e percorrendo sua lingua por toda a minha extensão. Demoro poucos segundos e solto meu gozo tremendo em sua boca. Ele aperta, belisca meus seios e só me solta quando paro de tremer e meu gozo cessa. Ele me abraça, me beija e ao sentir o meu sabor em seus lábios fico alucinada.  

            Então imploro:

            ―Preciso te sentir dentro de mim. Por favor…

― Por favor o quê?

Eu sabia exatamente o que ele queria ouvir, todo dominador precisava disto, fazia parte do jogo.

―Senhor, por favor …

            Ele sorri, me dá outro beijo, e me penetra com dois dedos, ao mesmo tempo que me fode em um vai e vem louco. Com a outra mão castiga meu clitóris. Eu rebolo, tremo, imploro, gemo, choro e gozo molhando suas mãos.

            Ele me beija, abraça-me e diz:

            ―Sei que você quer mais. Sei o que você precisa, Mi niña , mas não faremos aqui, não com tanto trabalho para fazer e não sem antes acertarmos certos detalhes, mocinha.

Ouvir ele falando em espanhol era o meu fim, eu sabia que a minha punição estava apenas começando e aquele homem me possuiria como bem entendesse e eu estava desejando toda a devassidão que ele estava pronto a me conceder.

Continua…

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