Vincenzo me levanta, me coloca sobre a mesa e alisa meus pulsos, massageando-os.
_ Eu espero que não reste dúvidas que sou louco por você. Jamais transei ou transaria com outra na minha empresa. Mas você Sabrina eu quero te possuir, te fazer minha em cada canto do planeta. Nunca terei o bastante, nunca me canso.
Meus batimentos estão acelerados com seu rosto perfeito tão perto, seu olhar pesado concentrado em meus pulsos, seus dedos hábeis pressionando minha pele.
_ Você está tentando me fazer te amar ainda mais? Isto é possível?
Ele levanta o olhar e sorri.
_ Eu pretendo te conquistar todos os dias para o resto de nossas vidas. Já te disse só vou me afastar se você não me quiser.
Um frio me percorre o corpo. Alguns meses atrás até mesmo cogitei nosso término devido a estranheza que estava entre nós por causa dos sentimentos que ocultávamos. Mas agora ficando ou não juntos como um casal já teríamos um elo para sempre, que estava se formando dentro de mim.
_ Já possuímos um elo, independentemente de ser um casal ou não. Estaremos ligados para sempre._ suspiro.
Ele segura meu rosto , ele se aproxima para me beijar e para.
_ Sabrina, eu lamento que as coisas aconteceram em um momento que você está cheia de coisas para fazer na sua vida, nossa relação sentimental foi assumida em meio ao caos e em meio a tudo isto descobrimos o bebê. Mas fica calma, que mesmo que entre nós não funcione eu jamais serei um canalha. Vou sempre te apoiar, sempre. As coisas talvez possam ficar difíceis obviamente somos falhos, mas naquele momento se acontecer e eu espero que nunca aconteça, deveremos ignorar nossas diferenças amorosas e dar suporte ao bebê da melhor forma possível.
Eu tremo com a ideia de não ficarmos juntos. Mas me assusta a velocidade que nosso relacionamento está indo. Ele percebe meu tremor e me abraça, seu perfume, sua respiração e seu toque me acalmam.
_Eu tenho que ir. Já devem estar todos comentando.
Ele levanta meu rosto e pousa seu olhar no meu.
_A Julia já devia ter percebido o nosso relacionamento antes mesmo do que aconteceu hoje. Ela fez isto de caso pensado, se você disse que ela demorou tanto para voltar e ela chegou aqui apenas uns 20 minutos antes de você. Ela deve ter parado em outro lugar. Dado tempo para que todos, principalmente você, pensassem que ela demorou aqui comigo.
_Ela conseguiu. Eu fui uma idiota. Ela saiu do elevador ajustando as roupas, descabelada e com o batom borrado, eu fui impulsiva…
_Ei, Sabrina, está tudo bem. Ela soube te provocar, te encontrou em um momento sensível, seus hormônios estão oscilantes. Eu vou resolver isto, vou marcar uma reunião…
_Não, por favor. Se você fizer isto aí sim todos me tratarão diferente, por eu estar com você.
_Sabrina, você está comigo, está esperando um filho meu! E não tem nada de errado nisto. Antes de ser seu chefe eu já era seu amante. E não devemos satisfação a ninguém. _ele fala irritado.
_Sim, claro. Para você é fácil falar, você é o chefe, é um homem, você pode fazer o que quiser. Minha posição é diferente, estou em desvantagem, sou uma estagiária mulher, provando uma ascensão na carreira, que luta por respeito todos os dias, para provar que é capaz. Para eles, serei a mulher que dormiu com o chefe e ficou grávida.
Ele fica sério. Ele me solta e se gira para a grande janela com a panorâmica da cidade. Eu começo a me vestir, com minhas mãos tremendo novamente.
_ Você tem duas opções Sabrina. Enfrentar todos e mostrar seu valor. Ou parar de trabalhar!
Ele nem se virou para falar, as suas tatuagens de asas em suas costas me lembravam que o diabo também foi um anjo.
_ Você está querendo me dizer o quê?
Escutando minha voz irritada ele se gira lentamente. Seu rosto não demonstra nenhum tipo de emoção. Ele se aproxima um pouco, mas mantêm distância entre nós.
_ Você terá todos os direitos e benefícios. Te afasto do trabalho a partir de hoje e te demito quando você voltar após o bebê nascer, assim te deixarei livre para o que você quer buscar, não te faltara nada, assumirei tudo até você conseguir outro trabalho que goste.
_ Sim claro. Eu sou um business para você. Você assina o cheque, me mantêm em casa e minha vida para….
Ele parece acordar do que disse e tenta me tocar o rosto, eu desvio.
_ Eu não quero que me toque e nem quero falar agora. Não se preocupe não vou sair correndo, mas preciso ir.
Eu caminho e bato a porta atrás de mim, deixando um Vincenzo atônito. Eu passo por sua secretária que me faz um sorriso compadecida.
Eu entro no elevador e seguro meu choro. Se eu começar a pensar no que aconteceu no que ele me falou, vou entrar em crise de choro bem aqui. Quando as portas se abrem eu caminho firme para a minha mesa.
Sinto alguns olhares e murmurinhos, com certeza a Júlia já tinha falado para todos que eu estava com Vincenzo.
Eu me concentro no trabalho e não penso em mais nada sobre Vincenzo. Quase na hora de ir embora eu olho meu celular e nenhuma mensagem dele.
Amaldiçoei por estar sem carro, teria que pegar um táxi para casa ou teria que pegar uma carona. Eu vejo Aline pegando suas coisas para sair e me aproximo dela, mas antes de chegar em sua mesa um homem atravessa na minha frente.
_Ei Sabrina, tudo bem? Eu queria tirar umas dúvidas com você e trocar algumas ideias. Você tem um minuto?
Olho para o moreno alto, olhos castanhos claros sorrindo para mim. Roger fazia parte das relações públicas, mas ele algumas vezes nos ajudava em nosso setor, possuía experiência na área.
_Oi Roger, na verdade eu estava indo atrás da Aline. Preciso pegar carona com ela, estou sem carro. Podemos falar amanhã?
_Eu posso levar você para casa. Assim no caminho falamos. Quero sua opinião, eu vim do andar de baixo só para isto, prometo que não vai ser demorado. _ ele fala e mantém o sorriso esperando por minha resposta.
Eu olho em volta a Aline já não está no andar. Eu olho rapidamente meu celular e nenhuma mensagem de Vincenzo. Sem graça e sem pensar eu respondo.
_ Tudo bem. Pode ser.
Caminhamos juntos para a garagem ele o tempo todo explanando suas ideias, conseguindo falar tudo o que desejava.
_Então? O que você acha da minha estratégia? Seja sincera, quero apresentar ela para o Senhor Vincenzo na próxima reunião.
Sentir o nome de Vincenzo me fez lembrar de tudo o que aconteceu durante o dia. Ninguém ousou dizer ou insinuar nada depois que voltei da sala dele. Mas as risadinhas de Júlia aqui e ali já me davam a entender que todos do nosso departamento já sabiam.
Eu mantive a pose, fui profissional, mas consciente que isto era apenas a ponta do iceberg. Ainda tínhamos outros andares e as filiais dele.
Eu paro na frente do carro do Roger.
_ Achei sensacional suas ideias. Acredito que o chefe ficará impressionado.
Ele me dá um sorriso genuíno e quando vai abrir a porta para mim, seu rosto muda a expressão quando olha por cima do meu ombro. Me giro lentamente e Vincenzo está se aproximando com passos firmes e largos em nossa direção, sua expressão é de fúria, até mesmo quem não o conhece poderia perceber. Minha boca fica seca.
_Roger eu … Preciso ir. As suas ideias estão…
_ Sabrina, preciso falar com você agora! _ Vincenzo estava tentando manter um tom profissional, mas falhava miseravelmente
Ele cumprimenta Roger apenas com um gesto e se vira me encarando impaciente.
_Tudo bem. Eu… Podemos…
_Sabrina, eu posso te esperar. Quando terminarem te levo para casa. _Roger diz, sem saber que a tensão entre mim e Vincenzo não era profissional. Antes que eu pudesse responder Vincenzo o faz.
_Gentil da sua parte, mas ela vai comigo! Tenha uma boa noite . _ele não disfarçou o tom desta vez, vejo confusão no rosto de Roger, quando Vincenzo me pega pelo braço e me conduz para o seu carro.
Quando entro ainda trêmula da cena que ele fez, fico irritada.
_ Foi desnecessário! Foi machista! Eu não vou aceitar você me tratar assim!
Ele não fala nada. Ele dá partida no carro e arranca para a estrada.
Eu observo de canto de olho, sua mandíbula está tensa. Seus dedos estão apertando com força o volante.
A música no rádio deveria me distrair, mas não ajuda. Logo a emoção toma conta e eu abaixo meu rosto encarando minhas mãos.
Aí estávamos nós, primeiro dia de trabalho juntos, no qual duas brigas sérias aconteceram. Isto não iria funcionar. Eu estava contendo o choro pois sabia que seria complicado e por causa da gravidez seria pior. Ele nunca tinha sido possessivo, nunca fez uma cena como aquela no estacionamento interno do prédio. Foi constrangedor e amanhã o Roger pode passar uma reação errada para outras pessoas, e se isto se alastrar vai acabar afetando ele mesmo. Eu tento respirar, eu tento manter a calma e não explodir. Ele teve a mesma reação que eu tive por causa da Julia. Eu só não confrontei a Julia, mas também foi por pouco que não o fiz. Eu olho para ele, seu rosto está mais calmo. De repente ele para o carro, só então percebo que não prestei atenção na estrada. Ele parou na entrada de um parques da cidade, situado ao redor de um grande lago com fontes de água, bem iluminado e cheio de bancos e pistas para caminhadas e ciclismo. Ele fica quieto por um momento depois ele encosta a cabeça para trás no banco.
_ Precisamos conversar! Antes quero te pedir desculpas, eu me descontrolei, pela primeira vez o ciúme realmente me deixou cego. E eu te repreendi a tarde por seu comportamento e fiz pior. Estamos em um campo minado Sabrina. Precisamos esclarecer algumas coisas.
Eu sinto sinceridade e dor na sua voz. Fazia muito tempo que não o via desconcertado daquela maneira. Estávamos realmente perdendo nosso controle, era preciso encontrar um ponto de equilíbrio.
Continua…
Atenção no wattpad os capítulos estão numerados diferentes, por questão de estética.